Sapatinhos vermelhos - Hans Christian Andersen

Esse conto foi escrito por Hans Christian Andersen mas não encontrei nenuhuma tradução direta dele. Então posto abaixo uma história que me parece muito próxima que conheci.

Era uma vez....

.... uma menina pobre e sozinha, tão pobre que nem sapatos tinha. Ela morava em uma cabana, na floresta, e seu grande sonho era ter um par de sapatos vermelhos. Por isso, foi guardando todos os trapos vermelhos que encontrava, até que conseguiu fazer um par de sapatos vermelhos de pano.

Ela adorava seus sapatos, usá-los fazia com que se sentisse feliz, mesmo tendo que passar os dias procurando frutas e nozes para comer, no bosque solitário onde vivia.

Um dia....

.... ela estava andando por uma estrada, quando passou uma velha muito rica, em uma carruagem dourada. A velha parou ao lado da menina, e disse "vou levá-la para minha casa, e criá-la como minha filha". Pobre e sem esperanças, a menina aceitou o convite e foi morar na casa da velha senhora.

Ao chegar, os criados lhe deram banho, pentearam, cortaram o cabelo e vestiram com roupas novas e muito bonitas. Animada com as coisas novas, a menina nem se lembrou dos trapos que usava, nem dos seus adorados sapatinhos vermelhos. Quando, passados alguns meses, perguntou sobre eles aos criados, foi informada que a senhora havia jogado tudo no fogo, dizendo que as roupas eram imundas e os sapatos eram ridículos.

A menina ficou muito triste, porque adorava os seus sapatinhos vermelhos. Além disso, a vida nova tinha perdido todo o encanto. Ela era obrigada a ficar sentada, quietinha, o dia todo. Não podia comer com as mãos. Não podia correr ou pular, ou rolar na grama. E, quanto mais o tempo passava, mais falta ela sentia de seus lindos sapatinhos vermelhos. Mais importantes eles se tornavam.

O tempo passou...

...e chegou o dia de ser crismada - porque a velha senhora era muito religiosa e fazia questão de que a menina recebesse esse sacramento. Essa era uma grande ocasião para ela, que queria que a menina se apresentasse impecável na igreja. Costureiras foram chamadas para fazer o vestido. E a senhora levou a menina a um velho sapateiro aleijado, que era considerado muito bom, para fazer um par de sapatos novos para a ocasião especial.

Na vitrine do sapateiro havia um lindo par de sapatos vermelhos, do melhor couro. A menina escolheu os sapatos vermelhos, e a velha senhora, coitada, que enxergava tão mal que nem podia distinguir as cores, deixou que ela os levasse. O velho sapateiro, conivente, piscou para a menina e embrulhou os sapatos.

A entrada da menina na igreja, no dia seguinte, foi um escândalo. Todos olhavam para os sapatos vermelhos da menina. Como alguém podia se apresentar para a crisma com uns sapatos tão indecentes? A menina, entretanto, achava seus sapatos mais lindos do que qualquer coisa.

Quando chegou em casa, a tempestade estava armada. A velha senhora, que havia ouvido todos os comentários maldosos, proibiu a menina de usar novamente os tais sapatos. "Nunca volte a usar os sapatos vermelhos!”, ordenou, furiosa.

A menina, entretanto, estava fascinada pelos sapatos. No domingo seguinte, quando foi à missa de novo, colocou os sapatos - e, novamente, a velha senhora não percebeu de que se tratava, pois enxergava muito mal.

Na entrada do templo, havia um velho soldado ruivo, com o braço enfaixado. Ele se reclinou em frente à menina, dizendo "posso tirar o pó de seus lindos sapatos"? A menina, toda orgulhosa, deixou que ele o fizesse. Enquanto limpava os sapatos, ele disse para a menina "não se esqueça de ficar para o baile", e cantou uma musiquinha alegre.

Novamente, se repetiu a desaprovação de todos dentro da Igreja. A menina, fascinada com seus sapatos, nem ligava. Não escutava a missa, não via ninguém. Só olhava para seus lindos sapatos vermelhos.

Na saída, o velho soldado disse para a menina "que belas sapatilhas para dançar". E a menina, mesmo sem querer, começou a rodopiar ali mesmo.

Sem parar...

...ela continuou dançando, dando voltas, fazendo piruetas. Todos corriam atrás, assustados. O cocheiro da velha senhora tentou alcançá-la, mas foi em vão. Finalmente, um grupo de pessoas conseguiu segurá-la, e o cocheiro arrancou os sapatos vermelhos, com grande dificuldade, dos pés da menina.

Ao chegar em casa, a velha senhora guardou os sapatos no fundo do armário, e disse para a menina "agora me ouça, nunca mais use esses malditos sapatos vermelhos". A menina, entretanto, não conseguia parar de pensar nos sapatos. Muitas vezes abria o armário, e ficava espiando os seus lindos sapatinhos vermelho.

Algum tempo depois a velha senhora adoeceu. A menina, que já tinha que se comportar e ficar quieta, agora tinha que andar na ponta dos pés pela casa, para não perturbar. Estava enjoada, entediada. E não resistiu.

Abriu o armário...

... e pôs nos pés os sapatos vermelhos. Imediatamente, começou a dançar, rodopiar, bailar. Era como se os sapatos a guiassem. Eles a levavam, dançando, para onde queriam. E assim ela saiu de casa, dançando, e atravessou a propriedade, dançando, e chegou à floresta, dançando.

Na entrada da floresta, estava o velho soldado que havia encontrado na porta da igreja no dia da crisma. Ele estava encostado em uma árvore, e a saudou, repetindo "puxa, que lindos sapatos para dançar"! E lá se foi a menina, dançando, atravessando campos e cidades. Exausta, tentava, vez por outra, arrancá-los. Mas não conseguia.

Dançando, dançando, dançando, foi-se a menina pelo mundo. Tentou entrar em uma igreja para se benzer, mas o sacristão disse-lhe que não poderia, pois seus sapatos eram malditos. Tentou se aproximar de alguém, mas a maioria não queria ajudá-la, com medo de sua maldição. E os poucos que o faziam não conseguiam arrancar os sapatos malditos dos seus pés.

Por fim, exausta, a menina procurou o carrasco de uma aldeia, e lhe implorou que cortasse os sapatos. O carrasco tentou, mas não conseguiu. Desesperada, a menina disse "então corte-me os pés, não posso viver dançando".

O carrasco, penalizado e implorando perdão a ela e a Deus, cortou seus pés, com lágrimas nos olhos. E os seus pés, com sapatinhos vermelhos e tudo, continuaram dançando, dançando, dançando, pelo mundo afora.

Agora, a menina era uma pobre aleijada...

... e teve que aprender a viver dessa maneira. Sem sapatos vermelhos, e trabalhando como criada.

Fonte: http://www.femininoplural.com.br/fogo/lenda/sapatolenda.html

Os filmes que tratam desta história:

The Red Shoes (1948)

Sapatos Vermelhos (2007)

Confira:
Outra tradução da mesma história:
http://www.4shared.com/file/60606773/b7a0e6cb/sapatinhos_vermelhos.html?s=1

Os sapatinhos vermelhos: da moral de Christian Andersen ao feitichismo de Caio Fernando Abreu:
http://www.cchla.ufrn.br/humanidades2009/Anais/GT31/31.4.pdf

Sinopse filme The Red Shoes (1948):
http://cinema-filia.blogspot.com/2007/04/sapatinhos-vermelhos-red-shoes-1948.html

Sinopse e link para baixar o filme Sapatos Vermelhos (2007):
http://www.baixefilmeseseries.net/sapatos-vermelhos-dual-audio/

História infantil sobre Sapatos Vermelhos:
http://www.youtube.com/watch?v=EtxqIwWhnlo&feature=related


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3 Response to "Sapatinhos vermelhos - Hans Christian Andersen"

  1. Anônimo Says:
    29 de novembro de 2010 às 15:12

    Sei que nem sempre, na vida real, as histórias terminam com final felizes, mas creio que temos a responsabilidade de icentivar as pessoas que alternativas existem sempre para sair de seus problemas, particularmente falando trabalho com educação e com projetos de icentivo a leitura e não compreendo como esse filme "Sapatinhos Vermelhos" que não tem nada a ver com a história original de "Andersen" possa trazer algo de positivo aos leitores, as crianças roubam, deixam de brincar para trabalhar (violando direitos delas garantidos por lei "ECA"), e no final, além de serem abandonadas, desviam o dinheiro das despesas para se satisfazerem com bens materiais, isso é um absurdo!!!! Depois reclamamos da criminalidade de nosso país, com incentivos como esse o índice só irá almentar!!!

  2. Gabriela de Amorim says:
    29 de novembro de 2010 às 16:32

    Olá Anônimo!
    Primeiramente acredeço o acesso ao blog e o comentário!
    Gostaria de deixar minha opinião sobre o que você aponta em seu comentário.
    Concordo que devemos disponibilizar diversas versões aos leitores, incentivando a superar os desafios da vida, mas também a adquirir conhecimento e criticidade com as publicações.
    No caso deste filme em especial, temos um ótimo recurso para discutir com professores em formação inicial ou continuada esses tema que você elencou. Porque não usá-lo para discutir os próprios direitos das crianças ou mesmo direitos humanos e consumismo?
    A principal idéia desde blog é agregar diferentes materiais, semelhantes ou distintos dos "originais" (ou ainda chamados de "clássicos"). Mas o uso deles não se restringe as crianças e muito menos a uma concepção acritica do que está dado.
    Enfim, essas são algumas de minhas idéias e estou aberta para o diálogo. Afinal, em minha concepção, o aumento da criminalidade não se restringe apenas ao fato de produções mas sim por motivos culturais, históricos, políticos e sociais.
    Fico a disposição e espero que fiques a vontade para sempre que possível, visitar novos posts deste blog e deixar seus comentários, com críticas, sugestões etc.
    Boa semana!

  3. Anônimo Says:
    4 de julho de 2012 às 09:48

    Olá.. Eu qria baixar esse livro.. porq eu me interessei mto por ele... a uns dois anos atras eu li um resumo dele na escola.. mas eu qria ler ele na integra.. caso vcs saibam de algum lugar para baixar pf me avisem.. *-*

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